Instituto de Psicologia

Milton H. Erickson

Aprendizagem e crescimento.

Juiz de Fora

 

 

O TAPETE AMARELO

Suzana Maria de Paula Mendonça

Novembro/2025

Foi em uma manhã de um domingo qualquer. Digo qualquer, por não estar se comemorando nada, de especial.  Pelo menos, que eu soubesse. Na primavera, as flores se despencam e as folhas caem com o vento. É normal espalharem pétalas, folhas, flores inteiras, principalmente, em dias de muito vento. E foi neste cenário que vi e ouvi as diferentes formas de enxergar os fatos, as situações, os momentos e a vida.  Além de lembranças que são ouvidas, vistas e sentidas, de acordo com estado de cada pessoa, que percebe e acata como quem compartilha da ideia ou desejos.

Ao caminhar pela calçada, sentindo o forte vento em meu corpo e um aroma fresco de plantas molhadas e mirando um lindo tapete de flores amarelas no chão, em especial na calçada por onde os transeuntes passavam.

À minha frente, seguiam duas pessoas. Elas eram mais ou menos da mesma idade, quase avançada. Assim me pareciam. Uma diz com grande alegria: “Hum! Que lindo tapete de flores para mim.”   A outra diz: “concordo com a gari que ouvimos naquele dia. Ela estava dizendo ao porteiro do prédio, que estava rezando, para acabar logo essas flores e pararem de sujar o chão. E eu não vejo como um tapete, vejo como uma grande sujeira e de perigos, porque podem fazer as pessoas escorregarem e caírem.”  A primeira pessoa dá risadas, a segunda suspira. Eu atrás, me divirto e faço parte das pessoas que agradecem e se acham privilegiadas, por caminharem num lindo tapete de flores. E sigo grata, feliz e me convencendo de que foi para mim. Não nego que algumas espécies podem ser escorregadias, mas nem assim retiram o mérito de estarem embelezando as ruas e as calçadas. Entendendo que, gostando ou não, querendo ou não, podendo ou não, as estações demarcam seus territórios e suas temporadas, com tudo que elas têm como recursos e potenciais. E já que o ocorrido foi numa bela manhã de primavera, porque não desfrutar?

 

 

DIVINOS BUSCADORES

Suzana Maria de Paula Mendonça.

Outubro/2025

Cada um escolhe uma palavra ou uma expressão que, de alguma forma, retrate o carinho, o respeito e, ao mesmo tempo, desperte no outro aquilo que no fundo o estimule as buscas para encontrar, desejar ou mesmo, compreender o que de fato ecoa em cada indivíduo aquela expressão ouvida. Entendendo que o que realmente vai ecoar na essência do indivíduo.  Funciona como uma sintonia que naquele momento soa em todos. E soa de forma vibrante.  Além do contexto, consideramos a forma como se fala, a tonalidade da voz, o cenário, os envolvidos e os momentos de cada um. A minha compreensão é que os seres humanos estão ligados a Deus de forma especial. E, por esta ligação, eu considero que cada um busca informações sobre como realizar o que intimamente buscam. Arrisco a dizer que é basicamente a paz, a sabedoria, o equilíbrio emocional. E, os divinos buscadores tem como característica a disponibilidade. E eles se dispõem ao autocrescimento, ao autodesenvolvimento e conseguem ampliar os horizontes. E, neste momento, flui a energia que impulsiona para ir desejando acessar a própria essência e, ao mesmo tempo, protegê-la. A proteção nasce do aprofundamento na própria essência que vai guiando, intuindo para cada dia mais, se tornarem mais interessados em crescer e acionar a força interna que em muitos casos, estão adormecidas. E quando se descobre capaz, reconhece que muitos estão distantes pelos desequilíbrios constantes, pela desconexão com interno, a falta de força interior por não se voltar ao autocrescimento e autoconhecimento. O mais interessante é que quando o indivíduo investe no caminho de autodescoberta, melhora a autoestima, elabora um autoconceito realista carregado de autocompaixão e autoempatia. A disponibilidade para tal é fundamental neste momento.  A ligação com o divino pode ser também pela percepção de que cada um vai desenvolvendo á medida em que inicia o processo de conscientizar-se si, do seu redor e cada um. A conclusão é a possível descoberta de que muitos pesos não são de si mesmo, nem tudo diz respeito a si mesmo ou não o define, percebe que é diferente do outro, mesmo sendo este outro próximo por sangue ou por afinidades, e com isso, faz as melhores escolhas para si mesmo. Os verdadeiros buscadores, são os que se permitem sentir, pensar reflexivamente e fazem escolhas assertivas. Eles incluem em seus planos o continuo desenvolvimento dos aspectos físicos, emocionais e espirituais. E assim, cada um segue buscando o seu caminho.

Exercício:

Para iniciarmos, por favor, coloque-se em uma posição confortável, feche os olhos para externo e encontre o seu rico interior, respire lentamente, sinta o ar entrar e sair de você e, depois, deixe que a respiração volte ao ritmo normal, natural para você. Perceba o caminho, a densidade, a temperatura e o trajeto do ar. Após o exercício, você poderá desejar mais e mais bem-estar para si mesmo. Permita que seu o corpo relaxe e a sua mente se distraia, enquanto a mente segue relaxando profundamente e o corpo a acompanha se distraindo das tensões, porque cada um faz a sua parte e de parte em parte, serão em poucos minutos um perfeito corpo em bem-estar. Se você se permite, então descanse, solte-se, porque este pode um aprendizado inicial para suas buscas mais convictas. Vamos contar com a imaginação, por favor, imagine estar num lugar agradável, tranquilo que contém tudo aquilo de que precisa neste momento. Perceba o lugar, o som, as cores, as formas, os sabores, os aromas e tudo mais... sinta, sinta o aprazível, a serenidade, as sensações. Imagine e solte-se, desfrute de cada parte e mais tarde, ao se preparar para dormir, poderá manter a agradável sensação de corpo relaxado e mente serena. Isso, aprofunde-se mais, a cada respiração, mais tranquilidade e mais relaxamento... paz, sabedoria, equilíbrio emocional. E agora, por favor, tome uma respiração diferente, espreguice e volte-se totalmente desperto para o seu aqui e agora. Sinta os pés tocando o solo, esfregue as palmas das mãos, abra os olhos e atento, volte para suas atividades.  

 

 

 

 

O TEMPO

 

Suzana Maria de Paula Mendonça.

Setembro/2025

E pensar em como o tempo age ou talvez, como lidamos com ele, nos gera muitos aprendizados e oportunidades de crescimento. Em relação a espécie humana, parece exigir maior compreensão e melhor reflexão com maior tempo e com maior profundidade.  O ser humano nasce e cresce, constrói relações das mais diversas e, no seio familiar, irmãos dividem ou assumem sozinhos os cuidados com os pais que envelhecem e/ou adoecem, às vezes, no intervalo pode surgir um tio(a), marido, esposa, irmão ou outra pessoa que, por necessidade, vai ficar aos seus cuidados. Até aí tudo bem! O desafio se inicia quando precisa trabalhar fora, em casa, nos cuidados com as pessoas e percebe as necessidades de todos os trabalhos e o tempo não se encaixa em tudo que se torna preciso. Administrar o tempo é fácil, quando se organiza, aprende e consegue. Outro desafio maior surge. É que, quem cuida, também envelhece, adoece e dividir tempo nem sempre funciona de maneira exemplar, adequada e nem satisfatória. Resignação também exige esforço e força interna. Tudo isso, favorece pensar em soluções. Longe do ideal, mas trazer à baila desde muito cedo, os ensinamentos de cooperação, respeito, cuidados, dignidade. Temas que podem ser inclusos nas áreas de educação do início ao fim dos estudos regulares. Responsabilidades de políticas públicas básicas. Famílias com melhores exemplos e estrutura educacionais mais sensíveis e amorosas. Cultura avançada e interessada em ensinamentos ancestrais. Assim, todos podem sem sofrer pesos, enfrentar ou aprender a lidar com o que é pertinente aos contextos e demandas. Sem culpas, sem cobranças, sem imposições, sem muito ou pouco, simplesmente, o individual na medida certa. Se todos envelhecem juntos e se invertem a ordem, então é útil se manter informado em como cada um pode fazer o seu melhor e mais adequado, porque o tempo não para nunca mesmo e tudo que inicia, termina. Que cada ser humano seja capaz de ficar frente as brechas da vida e, com elas, desenvolver as melhores estratégias, servir de inspiração, criar melhores momentos e poder reconhecer o compromisso com cada ser humano ao seu lado, a missão que possui e a gratidão pelo antes, durante e depois de cada etapa.  E sempre poderá ter escolha. Que seja mais fácil escolher e aceitar ou escolher aprender a lidar. Paciência, foco, divisão, carinho e responsabilidade.

  

 

 

 

 

 

Indicação de leitura:

Livro: Uma voz sem palavras.

Autor: Peter A. Levine 

Editora: Summus Editorial, North Atlantic Books